A auto-avaliação da saúde bucal é uma medida que sintetiza a condição objetiva da saúde bucal, a sua funcionalidade e os valores sociais e culturais relacionados à mesma. Essa avaliação reflete a qualidade de vida, está associada às condições de saúde geral, assim como a comportamentos relacionados aos cuidados com a saúde.
Apesar da importância da auto-avaliação da saúde bucal, essa medida ainda é pouco utilizada, principalmente em estudos de base populacional. Quase todos os estudos sobre a auto-avaliação da saúde bucal foram realizados em países desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos. Estudos sobre a auto-avaliação da saúde bucal são raros no Brasil e, pelo nosso conhecimento, estudos de base populacional sobre o tema são inexistentes neste país.
Entre os estudos conduzidos nos Estados Unidos, um foi realizado entre empregados de duas companhias de seguro e dois foram realizados entre adultos e idosos residentes na cidade de Los Angeles, Califórnia. Um estudo mais abrangente foi conduzido entre pessoas com 35-44 anos e 65-74 residentes em três cidades americanas, que representavam cinco diferentes grupos étnicos. A auto-avaliação da saúde bucal como boa ou muito boa predominou de forma consistente em todos os estudos, variando entre 64,2 e 75,9%. Com relação aos fatores associados à melhor auto-avaliação da saúde, verificou-se que essa percepção estava associada a perceber melhor a condição geral de saúde, maior número de visitas ao dentista, necessidade auto-referida de tratamento odontológico, presença de maior número de dentes permanentes, menor número de dentes cariados ou restaurados, melhor condição periodontal e indicadores de melhor condição sócio-econômica, tais como maior escolaridade, maior renda, ou ser branco.
No Brasil, a auto-avaliação da saúde bucal foi estudada em 201 idosos (sessenta ou mais anos de idade) atendidos em um centro de saúde na cidade de Araraquara, São Paulo. A maioria dos participantes (56,4%) avaliou a sua saúde bucal como excelente a boa e 13% como ruim ou péssima. A auto-avaliação da saúde bucal apresentou associação independente com três diferentes indicadores da condição de saúde bucal, quais sejam: (a) Geriatric Oral Health Assessment Index (GOHAI) – constituído por 12 perguntas que avaliam se nos últimos três meses o idoso apresentou algum problema funcional, psicológico ou doloroso devido a problemas bucais, (b) presença de dentes com extração indicada e (c) Índice Comunitário de Tratamento e Necessidade Periodontal (CPITN).
Gift et al. elaboraram um modelo explicativo para a auto-avaliação da saúde bucal, incluindo quatro conjuntos de fatores: (a) predisposição e facilitação (recursos que facilitam e provêm meios para o uso de serviços que buscam melhorar ou manter a saúde), (b) nível atual de doenças e condições bucais, (c) percepção da necessidade de tratamento e (d) comportamentos em relação à saúde bucal. No presente trabalho, esse modelo foi utilizado para examinar os fatores associados à auto-avaliação da saúde bucal entre adultos (35-44 anos) e idosos (65-74 anos) residentes na Região Sudeste do Brasil.
MATOS, Divane Leite and LIMA-COSTA, Maria Fernanda. Auto-avaliação da saúde bucal entre adultos e idosos residentes na Região Sudeste: resultados do Projeto SB-Brasil, 2003. Cad. Saúde Pública [online]. 2006, vol.22, n.8, pp. 1699-1707. ISSN 0102-311X.
Postado por: Kétully Alves Grupo: Saúde Bucal
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