domingo, 26 de junho de 2011

Hora da merenda

Chocolates, salgadinhos, doces, bolos e refrigerantes. São tantas as guloseimas nas cantinas das escolas que fica difícil para a criança saber dosar a quantidade e a qualidade dos alimentos. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008/09 revelam que 34,8% dos meninos e 32% das meninas entre 5 e 9 anos têm excesso de peso, e 16,6% e 11,8%, respectivamente, são obesas. Como contornar o problema? Segundo especialistas, o velho e bom exemplo de casa ainda é a forma mais eficiente de transmitir às crianças o quanto é importante se alimentar de forma saudável.

As irmãs Luana e Gabriela são acompanhadas por uma nutricionista: a mais nova, que estava com obesidade moderada, já conseguiu perder peso (Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)
As irmãs Luana e Gabriela são acompanhadas por uma nutricionista: a mais nova, que estava com obesidade moderada, já conseguiu perder peso

Para a professora de educação nutricional Priscila Martins, é fundamental oferecer à meninada uma mesa farta e colorida, com opções de hortaliças, legumes e frutas. “Eles precisam ter contato com esses alimentos desde cedo. É muito mais fácil ensiná-los ainda pequenos do que tentar corrigir os erros depois”, ensina. Aos que torcem o nariz para os vegetais, Priscila orienta os pais a disfarçar os legumes no caldinho da carne, do feijão, ou misturados em sanduíches ou tortas. “Isso é válido para uma fase de transição, mas sempre com o objetivo de introduzir, pouco a pouco, esses alimentos nas refeições deles”, alerta.
E quanto ao lanche da escola? Para a administradora Lorena Pereira, 31 anos, no ambiente escolar fica mais difícil convencer as filhas a optarem pelo mais saudável. “No colégio, elas têm mais dificuldade. Acredito que tem muito a ver com a influência dos amiguinhos”, pondera. Mãe de duas meninas, Lorena resolveu procurar a ajuda de um profissional para mudar os hábitos alimentares das filhas. “Eu tenho uma adolescente e uma criança em casa e elas nasceram nessa cultura de fast food. Então, a minha intenção ao procurar uma nutricionista é incentivá-las a cultivar, desde cedo, a alimentação saudável”, explica.
Gabriela, a mais velha, está com 14 anos e Luana, com 10. Há oito meses as duas seguem a dieta proposta pela nutricionista e já colhem os frutos da reeducação alimentar. A caçula estava na faixa da obesidade moderada e conseguiu emagrecer. “Agora, a Luana está com sobrepeso, mas como ainda vai crescer muito, basta que ela se mantenha assim”, explica Lorena. A mãe se derrete em elogios quando fala das meninas. “As duas são muito disciplinadas. Quando comem uma bala ou um bombom, compensam na próxima refeição. Elas transformaram a alimentação da família inteira.”
O programa proposto pela nutricionista inclui cardápios variados e um desafio para as meninas: caso consigam comer três frutas por dia e beber dois litros de água, conquistam o direito de lanchar o que quiserem na escola uma vez por semana. Nesse dia, vale bolo de chocolate, salgados e biscoitos. No resto, o lanche preparado em casa inclui sucos caseiros, frutas, barrinha de cereal e sanduíche light.
Para a nutricionista Amanda Branquinho, a indústria sabe muito bem como cativar os pequenos. “Embalagens coloridas, personagens de desenho animado, tudo isso seduz as crianças. É importante procurar saber se a cantina e a escola têm o cuidado de oferecer lanches mais saudáveis aos alunos”, ensina. A nutricionista também orienta os pais a envolverem seus filhos no processo de escolha dos alimentos. “Sempre ofereça opções variadas às crianças, tenha a preocupação em perguntar qual é a fruta que ela mais gosta. Essas atitudes despertam neles o gosto pela alimentação saudável.”
Amanda explica que, para garantir a energia e os nutrientes necessários para um bom desempenho físico e psíquico na escola, basta incluir no lanche uma fonte de carboidrato, outra de proteína e uma fruta ou suco natural. “Biscoitos integrais, iogurte, sanduíches com queijo branco e frutas são ótimas opções de lanches. Lembrando que os alimentos perecíveis precisam ser guardados em lancheiras e garrafinhas térmicas”, avisa.
Quanto aos alimentos industrializados, como achocolatados, sucos em caixinha, bolos e biscoitos, a nutricionista faz um alerta. “É melhor evitar esse tipo de alimento. Eles são ricos em gordura, açúcar e sódio. E, além disso, estragam o paladar das crianças, que acabam se acostumando a alimentos mais doces.”
Muitos pais se rendem à praticidade dos embalados, mas vale lembrar que os lanches preparados em casa são mais saudáveis. “Esses alimentos são pobres em nutrientes. Ingeri-los em excesso traz risco de obesidade infantil, colesterol alto e diabetes”, explica. Amanda também explica que a alimentação influencia, inclusive, na capacidade de concentração. Quando a comida é rica em gordura, as crianças tendem a ficar mais agitadas e acabam tendo dificuldade de aprendizado. A experiência de Luana e Gabriela comprovam essa afirmação. Segundo Lorena, além de terem melhorado o desempenho nos esportes, as meninas estão mais disciplinadas e focadas nos estudos.

Sugestão de cardápio
1 a 2 anos – Uma fruta e uma bisnaguinha, biscoito de maisena, pão ou cuscuz. Prefira frutas no lugar de sucos ou vitaminas. Dessa forma, a criança estimula a mastigação e começa a reconhecê-las. Banana, pêra e maçã são ótimas opções.

2 a 6 anos – Suco de fruta natural, de preferência sem açúcar. Biscoito integral, torrada ou pão acompanhados por queijo branco e peito de peru. Também são permitidos bolos de cenoura, banana, abacaxi ou laranja.

7 a 12 anos – O que muda para as crianças dessa faixa etária é o tamanho das porções. Permanecem as fontes de carboidrato, proteína e fruta. Pães integrais, queijos, iogurtes, cereais, bolo simples e frutas são bem-vindos.

Jamie Oliver e a revolução da comida
Na série de TV Food Revolution, o chef britânico Jamie Oliver propõe mudanças no cardápio de escolas da cidade de Huntingdon, em West Virginia, nos Estados Unidos. Huntingdon é considerada “a cidade menos saudável da América” por causa dos altos níveis de obesidade. Apesar de ter recebido o apoio da primeira-dama do país, Michelle Obama, o cozinheiro enfrentou resistência por parte dos moradores locais. Eles o acusaram de chamar os habitantes de “ignorantes” devido à fixação deles por fast-food. Cenas insólitas, como crianças comendo pizza no café na manhã e com dificuldades em distinguir tomates de batatas, compõem o show. O Food Revolution ganhou o Emmy 2010 como melhor programa de realidade.

fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2011/01/21/interna_revista_correio,233598/hora-da-merenda.shtml

Postado por: Grupo Alimentação Saudável

2 comentários:

  1. gostei muito das sugest~poes de cardápio. por que são atrativas, dentro do alcance dos pais, e de acordo com o objetivo do grupo

    by Dâmaris Alves

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